Um caso sério de depressão pós-parto


Ele era perfeito. Dez dedinhos nas mão, dez dedinhos nos pés.
Todo mundo dizia que parecia comigo. Nós o trouxemos do hospital direto pra casa, onde ficaria no seu quarto recém pintado, e passamos as próximas semanas num ciclo de alimentar, trocar fraldas e perder o sono. Estávamos exaustos, mas felizes.

Ele tinha por volta de um mês quando minha esposa entrou afobada na cozinha enquanto eu fazia o café da manhã. Estava com uma expressão estranha, uma que eu nunca tinha visto antes. Perguntei se estava tudo bem.

"Tem algo de errado com o bebê," ela disse.

Derrubei a panela com ovos e corri para o quarto. Ele estava deitado no berço, chutando o ar com suas perninhas gordas e olhando para o móbile em cima do seu berço. Quando me viu, abriu um grande sorriso sem dentes. O peguei no colo e me virei. Ela estava parada na porta.

"Ele me parece bem. O que há de errado?"

"Ele..." minha esposa lutava contra as palavras. "Ele... disse alguma coisa. Ele falou."

Olhei para o bebê aconchegado em meu colo, uma criança que mal conseguia manter sua cabeça em pé.

"Ele deve ter feito algum som que você confundiu com palavras." Ela não respondeu. "O que você acha que ele falou?"

Ela hesitou. "Ele me disse pra ir comer merda."

Não consegui me conter. Comecei a rir. Sua expressão mudou para raiva.

"Quero dizer, pensa bem. Ele diz uma dúzia de palavras por dia que poderiam ser confundidas com 'vá comer merda'". Ela saiu da porta, estava com uma expressão dura. A segui pelo corredor. "Por que você está tão chateada com isso?"

Minha mulher se virou pra mim. "Porque ele", apontou o dedo para o bebê no meu colo "me encarou com um olhar morto e disse, bem claramente, 'Vá comer merda'. Falou até o 't' perfeitamente." E então, ela bateu a porta do quarto na minha cara.

As coisas só pioraram depois daquilo. Ela ouvia o bebê dizer várias coisas horríveis, e isso só acontecia quando mais ninguém estava presente. Com o passar do tempo ela parou de cuidar dele, se recusava a alimentá-lo, segurá-lo ou mesmo ficar perto. Eu me tornei seu único provedor. Eventualmente, ela chegou ao seu limite. Era inevitável. Ela parou de comer, parou de dormir. Uma manhã, a encontrei morta na banheira, seu corpo imerso em água e sangue.

Depois que os policias saíram, levando o corpo de minha esposa, fui para o quarto de meu filho colocá-lo no berço. Abri o zíper de seu macacão e tirei o pequeno microfone. Examinei o móbile, onde a pequena câmera estava escondida na zebra. Foi tão fácil sincronizar palavras reais em suas falas sem sentido. Decidi deixar a câmera, era uma boa forma de monitorar o bebê. Beijei sua testa e desliguei a luz, deixando a porta entreaberta. Eu conseguia ouvir seus soluços e risadas enquanto andava pelo corredor para ligar para minha namorada e dizer que estava feito.

Traduzido e adaptado por Refúgio do Terror
Fonte: https://www.reddit.com/r/shortscarystories/comments/4b6m83/a_bad_case_of_the_baby_blues/

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