Eu odeio quando meu irmão, Charlie, tem que ir embora.
Meus pais sempre tentam me explicar o quão doente ele está. Que eu tenho sorte por ter um cérebro onde todos as substâncias químicas fluem corretamente aos seus destinos, como rios sem barragem. E quando eu reclamo por ficar entediado por estar sem meu irmãozinho para brincar comigo, eles tentam fazer com que eu me sinta culpado dizendo que meu irmão provavelmente está muito mais entendiado ainda, considerando que está confinado num quarto escuro em uma instituição.
Eu sempre imploro para lhe darem uma última chance. No início eles deram, claro. Charlie foi trazido de volta para casa muitas vezes. Mas cada vez era mais curta que a anterior. Sempre acontecia a mesma coisa. Os gatos da vizinhança apareciam com os olhos arrancados em seu baú de brinquedos, os aparelhos de barbear do meu pai eram encontrador nos escorregadores do parque no outro lado da rua, as vitaminas da mamãe eram substituídas por sabonete...
Meus pais estão hesitantes agora, dando cada vez menos “últimas chances”. Eles dizem que a desordem dele o faz ser bastante persuasivo, é fácil para ele fingir normalidade e enganar os médicos que cuidam dele, fazendo-os acreditar que está pronto para a reabilitação. Que eu vou ter que aguentar o meu tédio se isso significa ficar seguro dele.
Eu odeio quando o Charlie vai embora. Me obriga fingir ser bom até ele voltar.
Traduzido e adaptado por Refúgio do Terror
Fonte: http://www.reddit.com/r/shortscarystories/comments/21xi83/i_hate_it_when_my_brother_charlie_has_to_go_away/
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