Mas nós fazemos, de qualquer modo. Porque é uma tradição.
Na pequena cidade em que vivo, no norte de Ohio, todo Natal, nós vamos até a floresta e derrubamos um pinheiro para colocar proeminente na praça da cidade. Todo mundo participa, sem exceções; e parece que, com o passar dos anos, estamos escolhendo árvores cada vez mais altas.
Uma vez que está fixada em sua posição cerimonial, os habitantes da cidade se reúnem para decorá-la. Cada pai (ou filho mais velho) adiciona um ornamento feito em casa, o melhor que eles puderem oferecer, pendurado com barbante, fio de pesca ou, às vezes, corda, para celebrar o nascimento de nosso Lorde, Jesus Cristo.
Enquanto eu crescia, meu pai administrava uma empresa de carpintaria bem sucedida com filiais em todo o país. Ele está aposentado agora, mas por boa parte da minha infância, ele se orgulhava de conceder o maior enfeite. Com sua riqueza, ele podia pagar para trazer o material da Malásia, da China continental ou da África Central, e minha mãe, meu irmão e eu ajudávamos a prepará-lo. Normalmente, a peça se tornava a estrela que fica no topo da árvore. Todo ano, o prefeito da cidade dizia para o meu pai, "Você se superou, Jacob", e meu pai sorria satisfeito.
Outras famílias eram menos afortunadas. Algumas faziam ornamentos de pernas, braços ou cabeças, partes cortadas dos andarilhos ou prostitutas da cidade. Os mais pobres tinham que dar deles mesmos, construindo pequenos adornos de dedos das mãos ou dos pés, ou ainda de orelhas, adicionando um toque de extravagância através das unhas pintadas ou bijuterias enfeitando as partes desmembradas.
Às vezes, se a colheita rendesse menos do que o esperado, as famílias sacrificavam seus filhos mais novos, condenados como sacrifício à prosperidade, ou os o mais velho, que já viveram o bastante de festas. Outras vezes, as mulheres mais benevolentes davam seus fetos, pendurando-os pelo cordão umbilical. Alguns, inclusive, eram planejados especificamente para a ocasião, sendo feitos propositalmente em abril. Quanto mais próximo da hora de nascer, mais valorizado era o enfeite.
A árvore de 2015 foi a mais linda de qualquer uma que eu possa me lembrar. O verde do pinheiro eriçado, o vermelho da carne decorando-o... As cores clássicas do Natal na grande árvore de Natal. E a estrela no topo ainda assoprava pequenas nuvens de vapor no ar gelado.
O prefeito da cidade veio até mim e, olhando para o ornamento pendurado no topo da árvore, disse: "Você se superou, Samuel".
Eu sorri satisfeito. E embora seu rosto estivesse fixado em angústia, tenho certeza que meu pai teria ficado orgulhoso também.
Traduzido e adaptado por Refúgio do Terror.
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