Fotofílica


Ela sempre estava deprimida. Crescia no sombrio Noroeste, onde dias cinzas, nuvens e chuva eram o normal.
Sua personalidade só florescia naqueles poucos dias do ano em que a luz do Sol perfurava as nuvens. Nesses dias, ela ficava deitada sob os fracos raios iluminados até o anoitecer. Sorrisos decoravam seu rosto, e risadas escapavam de seus lábios a todo momento. Mas o retorno das nuvens trazia de volta a costumeira tristeza.

Eventualmente, pelo bem de sua saúde, seus pais se esforçaram para economizar dinheiro o bastante a fim de se mudarem para algum lugar mais iluminado. Um ilha perto do Equador. Praias de areia branca, onde muito raramente aparecia uma cumulus criando uma breve sombra.

Ela ficava o tempo todo na praia, se banhando de Sol. Seu humor melhorou absurdamente. Agora ela era uma simpática e extrovertida jovem mulher. Mas, para ela, isso não era suficiente. Logo, o chapéu de Sol foi deixado de lado. Seus óculos escuros, abandonados. O maiô ficou pequeno, e, pouco depois, foi negligenciado também.

Ela era uma deusa bronzeada, aquecendo-se com a recompensa brilhante fornecida pela grande esfera de fogo que se encontrava no espaço.

Mas ainda assim, ela não estava satisfeita.

O Sol estava alto no céu, e ela, como sempre, estava na praia. Olhava de um lado para o outro, certificando-se que os pais não estavam por perto, assistindo-a. Tirou a pequena faca debaixo de sua toalha, e a contemplou lentamente. Um sorriso torto surgiu em seu rosto e ela levou a faca até seu tórax. Oh, sim. Ela ia deixar que a luz entrasse.

Traduzido e adaptado por Refúgio do Terror.
Fonte: https://www.reddit.com/r/shortscarystories/comments/3pej2j/photophile/

0 comentários:

Postar um comentário